"Pensei que os primeiros dias fossem os piores e que depois os restantes tornar-se-iam mais fáceis, mas estava redondamente enganada! Cada dia era pior que o anterior, as saudades eram cada vez mais e a quantidade de lágrimas que me escorriam pela face também era superior. Queria dar um beijo ao meu amor e não podia. Queria dar-lhe um abraço ou dizer-lhe pessoalmente o quanto o amava, porém estive privada de tudo isso. Existiram dias bons e dias maus. Ás vezes, estava tudo muito bem e outras vezes já estava tudo muito mal.
Nem todos os dias são bons e nos tivemos a prova disso. Alguns dias não foram tão bons, contudo, eu e o teu pai nunca deixamos de nos amar, mesmo nesses dias em que dissemos uma coisa menos boa um ao outro. No fim, acabava por ficar sempre tudo bem e isso é o mais importante. Passado uns meses o teu pai voltou cá e quando estive com ele estava tão ou mais nervosa do que estava no nosso primeiro encontro, mas quando ele me deu a mão eu deixei de estar nervosa. Se alguém nos tivesse visto naquele momento não diria que tínhamos estado separados durante tanto tempo porque parecia que nunca nos tinhamos separado e que estávamos todos os dias juntos. A cumplicidade e o amor existentes entre nós era enorme e, acima de tudo, indescritível!
Passamos dias muito bonitos juntos, mas a vida voltou a fazer das suas. A vida voltou a separar-nos e fez-nos passar novamente por uma despedida. Essa segunda despedida ocorreu à mais de setenta anos, mas lembro-me como se tivesse sido ontem. O teu pai levou-me a casa e quando chegou o momento de se ir embora abraçamo-nos e beijamo-nos intensamente, não nos queríamos largar, estava difícil largarmo-nos, mas teve de ser...
O teu pai deu-me um último beijo e disse que me amava, respondi-lhe que também o amava muito e depois disso vi-o descer as escadas de minha casa com as lágrimas nos olhos. Senti uma enorme vontade de ir atrás dele, agarrar-lhe na mão e dizer-lhe que iria com ele para onde quer que fosse, que não permitiria que a vida nos voltasse a separar porque não aguentaria passar nem mais um segundo sem ele, porém não o fiz, limitei-me a entrar em casa, fechar a porta e chorar como se me tivessem arrancado o coração naquele exato momento."
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