domingo, 29 de setembro de 2019

Vinte e Sete Anos

Quem diria que seria possível encontrar-te passados vinte e sete anos desde a última vez que te vi. Se à uns anos atrás me dissessem que te iria voltar a ver eu não acreditaria porque ambos seguimos caminhos muito diferentes e viajámos também para outros países à procura de coisas distintas. Caraças continuas igual! Estás tão ou mais bonito do que antigamente, a tua essência ainda aí está e, honestamente, fico mesmo feliz por não teres mudado. Quando nos vimos ficámos especados no meio da rua a olhar um para o outro, mas depois cumprimentamo-nos logo, sentámo-nos num banco de jardim e começámos a falar sobre tudo o que tínhamos vivido durante aqueles vinte e sete anos. Perguntei-te porquê que tinhas regressado a Portugal e tu disseste-me que sentiste necessidade de voltar ao sítio onde nasceste e cresceste até aos teus vinte anos. Falámos das pessoas que tínhamos conhecido, daquelas por quem nos tínhamos apaixonado, das experiências que tínhamos vivido, dos países que conhecemos...e no fim apercebi-me de uma coisa. Tínhamos estado quase trinta anos longe um do outro, sem contacto absolutamente nenhum e sem termos notícias um do outro, no entanto, a intimidade que tínhamos um com o outro ainda existia. Podia-se ter esmorecido devido a tudo o que aconteceu, porém éramos as mesmas pessoas de à vinte e sete anos atrás, a única diferença é que estávamos mais velhos. A forma como olhavas para mim deixava-me corada e a forma como eu te ficava a ouvir falar fez-te perceber que eu ainda sentia o mesmo que tu. Depois de um longa conversa, despedimo-nos e cada um seguiu o seu caminho como se aquela conversa jamais tivesse acontecido. Ambos sabíamos que ainda nos amávamos, mas infelizmente, também sabíamos que já era demasiado tarde...

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