quarta-feira, 7 de agosto de 2019
O Guitarrista- Parte 10
Não conhecias o número da pessoa que te estava a ligar, mas atendeste na mesma. Ao início ficaste muito calado, depois olhaste para mim e começaste a sorrir. Não consegui perceber muito bem com que estavas a falar porque não conseguia ouvir a pessoa que estava do outro lado do telemóvel e tu também só dizias sim ou não. Quando desligaste deste-me a mão e disseste que me amavas. Disse que também te amava, no entanto, queria muito saber com quem tinhas estado a falar porque estava curiosa, por isso, perguntei-te isso mesmo. Respondeste-me que tinhas estado a falar com o meu amigo que tem uma banda e que ele te tinha pedido para ires tocar com eles. Olhei para ti a sorrir e queria dizer alguma, porém não consegui dizer uma única palavra porque o teu sorriso conseguiu deixar-me sem palavras. Eu sabia que estavas feliz e isso para mim bastava. Pensei também em ligar mais tarde ao meu amigo a agradecer-lhe por ter falado contigo e por te ter dito logo para ires tocar com eles. Ele podia ligar-te mais tarde ou até querer ouvir-te primeiro a tocar, contudo, convidou-te logo para te juntares a banda e eu tinha que lhe agradecer por tudo isso. Durante o almoço estivemos a falar sobretudo da conversa que tinhas tido com o meu amigo e sobre o que ele te tinha dito. Tinhas de ir no dia seguinte ter com ele e com os restantes membros para que te ouvissem a tocar e para que pudesses também conhecer melhor as pessoas com quem irias começar a tocar. Depois de acabarmos de almoçar pedimos a conta, pagámos e saímos do restaurante. Quando estávamos na rua perguntei-te o quê que querias fazer e tu disseste-me que não irias dizer o quê que querias fazer porque achavas que eu iria achar que era uma ideia um pouco absurda. Comecei a rir e disse-te que sabia que nunca me dirias nada absurdo. Quando te disse aquilo ficaste um pouco mais confiante e disseste-me que já não precisavas mais de tocar na rua para ganhar dinheiro, visto que, agora tinhas um trabalho, no entanto, gostavas de dar um último concerto para maravilhar as pessoas que te tinham ouvido durante aquele tempo em que tinhas estado desempregado e que também te ajudaram em questões monetárias dando-te dinheiro por gostarem da tua música. Olhei para ti com os olhos a brilhar e tive a certeza de que nunca conheceria ninguém com tão bom coração e tão genuíno e humilde como tu. Senti-me muito sortuda por poder ter um ser humano tão incrível como tu na minha vida. Tirei-te a guitarra e comecei a andar apressadamente para o sítio onde nos tínhamos conhecido. Ainda parado no mesmo sítio chamaste-me e eu olhei para trás. Estávamos a uma certa distância e tu falaste um pouco alto para que eu te ouvisse "o quê que estás a fazer?". Aproximei-me de ti, respondi "anda, vais tocar para aquela gente toda", dei-te um beijo e agarrei-te na mão levando-te para o local onde te tinha visto pela primeira vez.
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