segunda-feira, 1 de julho de 2019

O Guitarrista- Parte 1

Encontrei-te na rua por acaso e aquele momento podia ter sido o acaso mais bonito da nossa vida, mas as coisas nem sempre acabam bem. Estava a passear pelas ruas de Lisboa quando vi uma roda enorme de pessoas em volta de alguma coisa. Aproximei-me, tentei passar por entre as pessoas para chegar mais à frente e foi aí que te vi a tocar guitarra. Tenho a certeza que me apaixonei por ti nesse mesmo dia.
Tinhas perdido o trabalho à pouco tempo e para tentar ganhar algum dinheiro decidiste ir para a rua tocar guitarra. Nem parecia que tinhas perdido o trabalho, estavas com um sorriso enorme estampado na cara e naquele exato momento soube que eras uma pessoa muito positiva. Tinhas ao teu lado uma pequena caixa onde as pessoas iam colocando o dinheiro por estarem a gostar da tua música, mas eu não cheguei perto de ti, continuei onde estava a olhar fixamente para ti e a ouvir-te tocar com a maior atenção do mundo. O som habitual de Lisboa estava a ser abafado pela tua guitarra. Quando começou a anoitecer as pessoas começaram a ir embora, contudo, eu continuei de pé onde estava. Não te consigo dizer se permaneci ali durante uma hora ou mais porque perdi completamente a noção do tempo, porém não me importava de ficar a ouvir-te durante muito mais tempo. Quando começaste a arrumar as tuas coisas aproximei-me de ti e disse "gostei imenso de te ouvir tocar". Olhaste para mim e disseste "oh muito obrigada e obrigada também por teres estado tanto tempo a ouvir o que eu estava a tocar, acho que nunca ninguém ficou tanto tempo a ver-me como tu ficaste". Fiquei envergonhada e comecei a sorrir porque essa é a minha maneira de fingir que não estou envergonhada, tu deste conta e agarraste-me na mão dizendo "não precisas de ficar envergonhada", no entanto, eu estremeci quando me tocaste, então, retiraste logo a tua mão da minha porque pensaste que estavas a fazer algo de errado. Os nossos olhares cruzaram-se e senti uma faísca entre nós. Tinhas os olhos a brilhar e não paravas de olhar para mim. Olhei para o chão com um ar tímido e tu viraste costas e continuaste a arrumar a tua guitarra no saco e o dinheiro também. Passado um milésimo de segundo viraste-te novamente para mim e disseste "olha desculpa...eu...eu não sei o que me deu...", olhei para ti e disse que estava tudo bem, que não tinhas feito nada de errado. Tu sorriste um pouco mais despreocupado e perguntaste-me se queria ir dar uma volta pelas ruas de Lisboa, visto que, não tinha visto a cidade por te ter estado a ouvir durante tanto tempo. Disse-te que podíamos passear juntos e assim o fizemos. Colocaste o saco da guitarra ás costas, o dinheiro na caixa e começamos a caminhar.

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