domingo, 7 de julho de 2019

O Guitarrista- Parte 2

Passámos por muitas ruas de Lisboa e contaste-me o porquê de eu te ter encontrado na rua a tocar guitarra. Disseste-me que tinhas sido despedido porque a empresa onde trabalhavas estava a ir à falência e precisava de mandar alguns trabalhadores embora. Disseste-me também que não tinhas outra fonte de rendimento a não ser aquele trabalho, por isso, enquanto não arranjasses outro emprego ias ganhando algum dinheiro a tocar na rua e não tinhas vergonha nenhuma disso. Falámos sobre muita coisa, mas uma das coisas que mais me fascinou foi o facto de dizeres que o teu verdadeiro sonho era poder ser guitarrista numa banda. Tu não sabias que era tinha um grupo de amigos que tocavam numa banda e que te podiam arranjar um trabalho, também não sabias que eu iria falar com eles para te ligarem, contudo, irias saber isso muito mais tarde. Falei-te da minha vida, que tinha ido para Lisboa estudar e que depois tinha ficado por lá. Tinha arranjado um bom trabalho, por isso, decidi arranjar também um apartamento só para mim e começar a minha vida sozinha. Nenhum de nós tinha acabado de sair de um relacionamento complicado, mas ambos já tínhamos tido alguns desse "género", por isso, não acreditávamos muito no amor. A certa altura da noite disse-te que era melhor ir andando para casa, já passava da meia noite e no dia seguinte teria de acordar bastante cedo para ir trabalhar. Perguntaste-me se me podias acompanhar até casa e dessa forma dar continuidade à conversa maravilhosa que estávamos a ter e bastou que eu olhasse para ti para tu saberes a resposta à tua pergunta. Tínhamo-nos conhecido à poucas horas atrás, porém parecia que já nos conhecíamos à muito tempo. Continuamos a caminhada até minha casa e durante o caminho deste-me a mão e nenhum de nós proferiu nenhuma palavra acerca disso, mas o que tu não sabes é que eu comecei a sorrir da forma mais genuína que possas imaginar. Quando chegamos ao meu apartamento perguntei-te se querias subir um pouco e tu respondeste-me que sim mesmo estando surpreendido por te ter feito aquela pergunta. Subimos as escadas, até ao terceiro andar e depois de estar quase cinco minutos à procura da chave dentro da carteira lá consegui finalmente abrir a porta. 

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