Desculpa

Subi as escadas que me levavam ao teu apartamento e quando fiquei em frente à porta nem me consegui mexer. Fiquei imóvel e sem saber o que fazer. Naquele momento vários pensamentos me passaram pela cabeça e comecei a achar que ir até ali talvez tivesse sido uma má ideia.

Tinha discutido contigo por uma coisa insignificante, o problema é que horas antes não me pareceu insignificante e magoei-te antes de desligar o telemóvel. Encostei-me na almofada e comecei a pensar nas coisas que tinha acabado de te dizer e só aí é que me apercebi de que tinha ido longe demais. Senti-me uma pessoa horrível por te ter desligado o telemóvel e por ter discutido contigo por algo tão parvo. Já passava das dez da noite, no entanto, não podia ficar ali sem fazer nada. Não iria conseguir dormir assim e ligar-te novamente não era uma opção porque eu precisava de falar contigo pessoalmente depois de tudo o que se tinha passado.
Apressei-me a procurar as chaves do carro e saí de casa. Honestamente, não me lembro de fazer a viagem até aqui, mas a verdade é que aqui estou.
Ainda estava a pensar se tinha sido boa ideia ter saído de casa ou não, contudo, num momento de coragem bati à bota sem pensar em mais nada. Baixei a cabeça para o chão, ainda estava impressionada com o facto de ter ganho coragem para fazer aquilo e uns segundos depois senti a porta abrir-se. 

Olhei para cima, para os teus olhos e tu fizeste o mesmo. Estávamos a fixar-nos um ao outro, eu não sabia o que fazer portanto limitei-me apenas a ficar imóvel tal como tinha ficado quando cheguei ao teu apartamento. 

Pediste-me para entrar e eu não hesitei em fazê-lo. Sentaste-te no sofá sem dizer mais nada, eu continuava de pé e nesse momento pedi-te desculpa. Tu levantaste-te e foste ter comigo. Deste-me a mão e disseste-me que aceitavas as minhas desculpas, mas que a maneira como falei contigo te magoou porque sou a pessoa que mais amas e custou-te imenso que tivesse falado contigo daquela forma. Fiquei emocionada ao ouvir-te dizer aquilo e triste por te ter magoado porque também és a pessoa que mais amo. Dei-te um beijo, disse que te amava e que lamentava ter-te falado como falei.
Olhaste-me novamente nos olhos e disseste-me "eu também te amo, muito mais do que aquilo que pensas".